Literatura

Conheça escritores que transformam o cenário literário infantil com obras representativas

Redação,
16/07/2020 | 10h07

Racismo, preconceito, intolerância, bullyng, infelizmente são palavras que estão muito mais presentes no nosso cotidiano do que gostaríamos. A cada dia os telejornais trazem cenas e fatos que assombram, causam medo e muitas vezes as crianças e adolescentes acabam presenciando e questionando o que está acontecendo com as pessoas e com o mundo. E como abordar estes temas de forma educativa, clara e com propriedade? Por essas e outras questões que é importante conhecer uma literatura infanto-juvenil que registre a diversidade racial e que traga a história e representatividade negras para as páginas de histórias importantes. 

Separamos alguns autores que trazem em suas obras textos incríveis, ilustrações inspiradoras e tudo sobre o processo de reconhecimento racial. E mais do uma forma de educar a sociedade precisa se conscientizar e falar mais de amor, respeito e igualdade. Confira o que cada autor e sua obra traz para as crianças e viaje junto com eles nas emoções e surpresas. Boa leitura! 

Patricia Santana – Minha mãe é preta sim! Mazza Edições – Ilustrações de Hyvanildo Leite 

Doutora em Educação pela UFMG, Patrícia Maria de Souza Santana recobra a importância das crianças saberem sua origem e também se posicionar. Minha mãe é negra sim! (Mazza Edições) mostra a história do garoto Eno, um menino negro que percebe o preconceito da professora, através da sugestão que ela dera, em sala de aula, para que ele pintasse o desenho da mãe, negra, na cor amarela, que ela considerava mais bonita. O incômodo de Eno reflete os vários modos como o racismo atravessa o psicológico da criança negra. Quantas crianças não passaram pela mesma situação na escolinha e a grande maioria se silenciou? Finalmente o avô em uma conversa construtiva ensina e mostra para o menino a importância da cor preta e os costumes das tradições afros. 

Emicida – Amoras – Companhia das Letrinhas – Ilustrações Aldo Fabrini 

Primeiro livro do rapper Emicida, o livro fala da importância da valorização de quem somos. O livro traz o enaltecimento da beleza negra por meio de alusões a natureza e o reconhecimento de si. A obra reproduz, com delicadeza e lirismo, um diálogo que o artista teve com sua primeira filha, Estela, 7: a história é toda dedicada a ela. Com 32 anos, o cantor também é pai de Tereza, que nasceu em junho de 2018. Na música que originou a história, a pequena está debaixo de uma amoreira com o pai, quando este comenta sobre a beleza das amoras. Quanto mais pretas, mais doces. É aí que a menina se reconhece e assimila sua própria identidade.

Kiusam de Oliveira – O Black Power de Akin – Editora De Cultura – Ilustrações Rodrigo Andrade 

Escritora e doutora em educação pela Universidade de São Paulo (USP), Kiusam de Oliveira é uma das mais renomadas escritoras do segmento literário infanto-juvenil. O Black Power de Akin, traz a história de Akin um jovem negro de 12 anos que cobre a cabeça com um boné ao ir para a escola. Ao seu avô, Dito Pereira, ele não conta que tem vergonha do seu cabelo, motivo de chacota dos colegas. Antes que Akin tome uma atitude brusca, o sábio avô, com a força das histórias da ancestralidade, leva o neto a recuperar a autoestima. Agora confiante, Akin ergue seu cabelo Black Power e se sente um príncipe. Além do prefácio assinado pelo rapper Emicida, O Black Power de Akin tem projeto gráfico e ilustrações que incorporam referências da ancestralidade em linguagem contemporânea de arte digital, criados pelo designer Rodrigo Andrade. 

Kiusam de Oliveira também assina obras premiadas como “Omo-obá Histórias de Princesas” – pela Mazza Edições, “O mundo no Black Power de Tayó” – Editora Petrópolis e “O mar que banha a Ilha de Goré” – editora Petrópolis. 

Sonia Rosa – O menino Nito – Editora Pallas – Ilustrações Victor Tavares 

Menino não chora? É essa pergunta que o livro se propõe a refletir ao longo da obra. Com vários títulos que falam sobre as tradições populares de matrizes africanas no Brasil, como o Jongo, Maracatu e outras influências africanas nos esportes e culinária incorporadas no país, a contadora de história e professora Sonia Rosa traz o debate da formação da masculinidade em crianças como Nito. O menino Nito (Editora Pallas) revela um percurso de desconstrução da masculinidade hoje identificada como tóxica, nociva e violenta esperada para homens na infância e que precisa ser repensada.

Serviço: 

Patricia Santana – Minha mãe é preta sim! – Amazon – Preço do site  R$ 24,90 
Emicida – Amoras – Amazon – Preço do site R$ 18,60
Kiusam de Oliveira – O Black Power de Akin – Amazon – Preço do site R$ 46,00
Sonia Rosa – O menino Nito – Amazon Preço do site R$ 24,00