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Como cultivar diversidade e promover inclusão na sua empresa

Redação,
17/07/2020 | 10h07

Implantar diversidade e inclusão nas empresas não é uma opção. O mercado está passando por uma reciclagem e as novas gerações estão cada vez mais conscientes sobre a importância da pluralidade no ambiente corporativo. Essas gerações têm mudado a dinâmica do mercado de trabalho, procurando empresas que têm uma cultura organizacional e propósitos se encaixam a eles e não o contrário. E quem quer contratar e reter talentos precisa, mais do que nunca, estar atento ao que move essa geração plural.

Muitas pessoas caem no erro de dizer que diversidade é ter pessoas LGBT ou de diferentes etnias no time. Isso não é diversidade. Pessoas formam grupos diversos. Essas pessoas podem pertencer ao grupo LGBT, ter orientação sexual diferente, diversas religiões, ser de outras origens, ter diversas etnias, referências, falar outros idiomas e até ser biologicamente diversas. A diversidade também não é solidariedade ou o politicamente correto, trata-se da união de culturas e repertórios diferentes com o objetivo de criar ambientes dinâmicos e inovadores.

Mas antes de entender como inserir diversidade, é necessário compreender qual o conceito histórico por trás de tudo isso, os princípios básicos para se desenvolver uma cultura de diversidade e, principalmente, qual o papel do RH nessa mudança de pensamento. Não vale a pena criar um ambiente diverso porque está na moda, crie porque é assim que se contribui para uma cultura cada vez mais justa e igualitária.

Cenário brasileiro em relação à diversidade e inclusão

O que essa geração está colocando em evidência não é um problema novo. É bem antigo e muito mais grave do que parece e alguns números até assustam. Um dos grandes problemas que enfrentamos é a diferença do salário entre homens e mulheres e negros e brancos no mercado de trabalho, segundo a pesquisa realizada pelo IPEA em 2017, a diferença caiu entre homens e mulheres, mas em compensação entre negros e brancos quase dobrou.

Assim como a porcentagem de desempregados negros (14,6%) e pardos (13,8%) é maior do que a de população branca (11,9%). Os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD), também mostraram que dentro dos bancos, apenas 20% dos empregados são negros e exercem somente funções de produção.

Ainda falando sobre gênero, segundo estudo feito pelo fórum econômico Mundial (WEF), em 2016, seriam necessários 95 anos para que o Brasil alcançasse a igualdade entre homens e mulheres.

Benefícios de promover a diversidade nas empresas

Toda área dentro de uma empresa tem um combustível responsável por movê-la. Algumas são dinheiro, outras são especialistas em determinado assunto, outras são os clientes. Porém, nenhuma empresa sobrevive sem um elemento: inovação. Desde produto, passando por novas tecnologias, até processos mais simples dentro da organização, a inovação é necessária para redução de custos e aumento de lucro. Se o empreendimento parar de inovar na dinâmica de mercado que estamos inserido, terá um grande problema. E o combustível da inovação é justamente a diversidade. Ouvir pessoas que pensam diferente, que têm repertórios diversos, de outras classes, etnias, gêneros, gostos etc. é o que vai fazer sua empresa mudar para melhor.

Ao entender isso e conseguir implementar, deixará de ter uma área responsável por inovação e terá uma empresa inteira inovadora.

Princípios básicos da promoção da diversidade e inclusão:

1. Ter clareza sobre a diferença entre igualdade e equidade

No sentido mais direto, a igualdade considera todos os indivíduos como serem idênticos, em todos os seus aspectos e, perante a lei, todos nós somos iguais, logo temos os mesmos direitos e mesmos deveres. Já a equidade busca olhar para os indivíduos de forma imparcial e única para evitar a promoção da desigualdade e da injustiça, o que acontece normalmente quando olhamos apenas pela linha da igualdade.

Nós podemos ser iguais em um grupo, mas ainda assim somos pessoas diferentes, com necessidades, formas e referências de vida diferentes. Então busque sempre tratar cada pessoa da forma como ela deseja ser tratada, considerando suas diferenças e necessidades.

Por exemplo, é proibido animais no metrô. Por essa regra, pessoas com deficiência visual não poderiam entrar no metrô com seu cão guia, pois somos todos iguais com direitos iguais, mas na prática a equidade precisa ser aplicada.

2. Diversificar e saber incluir

Diversidade e inclusão são pilares que precisam andar juntos, não existe ser inclusivo e não entender o que é e como implantar a diversidade e, na mesma via, não adianta implantar a diversidade e não saber incluir pessoas diversas ou aceitar ideias opostas às suas.

Seria correto eu dizer: “Coloca um monte de gente diversa aí e eles vão gerar inovação”? Obviamente não. Antes disso eu preciso olhar para esse grupo diverso e entender algumas coisas, como por exemplo, se eles se sentem incluídos na cultura, respeitados, confiantes e, principalmente, se eles têm segurança psicológica para para interagir, sugerir ideias e mudanças frente aquele grupo. Existem vários tipos de inclusão, não fixe apenas no espaço físico, fique atento se está realmente incluindo.

3. Criação de estereótipos e quebra de preconceitos

Estereótipos e preconceitos nem sempre têm relação direta e, muitas vezes, criar estereótipos não é uma coisa ruim. Mas a linha é tênue e devemos tomar muito cuidado. O estereótipo é uma característica que atribuímos a um determinado grupo de pessoas e levamos aquilo como verdade, já o preconceito é a atitude negativa que tomamos ao julgar indivíduos sem um conhecimento prévio.

Dentro de uma empresa a criação de estereótipos e preconceitos começa pelo RH desde o processo de recrutamento e seleção. É importante que o recrutador não crie vieses que possam influenciar sua decisão sem conhecer o candidato. Por exemplo, muitos processos questionam onde o candidato mora, com quem ele é casado, se é casado, qual sua etnia, qual sua idade e por aí vai. Questione-se: Qual a relação que essas informações têm com a capacidade técnica e comportamental do seu candidato? Comece pelo RH a mudar a forma como se contrata para ter times diversos.

Empresas e projetos de diversidade e inclusão para te apoiar

Apesar de todos esses problemas, existe uma luz no fim do túnel. Como falado, as novas gerações estão mudando o mercado e com elas estão surgindo uma série de empresas focadas em promover a equidade no mercado de trabalho, criando ambientes diversos. Muitas delas contam, principalmente, com profissionais de RH, pois é a partir dessa área que as empresas começam a mudar sua forma de ser.

Algumas delas são:

Somos B: A Somos B capacitada jovens de periferia em tecnologia, design e inovação, preparando os jovens nem-nems (18 a 28 anos) para o mercado que mais cresce na América Latina.

Talento Incluir: Por meio de consultorias, eles ajudam as empresas a incluírem pessoas com deficiência no mercado de trabalho.

B2Mamy: Trata-se de uma aceleradora focada em capacitar e ajudar mães empreendedoras a colocar seu negócio em prática.

Contrate uma mãe: Banco de currículos dedicado a recolocação profissional de mães.

Essas são algumas das empresas que vêm fazendo trabalho de inclusão, mas o mais importante é entender que para inovar é preciso pessoas que discutam, que proponham ideias diferentes, que tenham repertórios de todos os tipos, e a diversidade é um caminho para chegar lá.