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Ciclo de Leituras Dramáticas compõe o Mês do Orgulho para incentivar cultura da diversidade

Genilson Coutinho,
27/05/2015 | 15h05

leitura

Integrante da programação do Mês do Orgulho LGBT de São Paulo, o Ciclo de Leituras LGBT decidiu homenagear personalidades das artes cênicas que, em algum momento de suas carreiras, causaram reações controversas em setores mais conservadores da nossa sociedade, ou até mesmo foram classificados como “polêmicas”, simplesmente por abordar ou interpretar personagens homossexuais.
Esse é o caso de Fernanda Montenegro, que recentemente sofreu uma espécie de boicote organizado pela bancada evangélica do Congresso Nacional por conta do “beijo gay” protagonizado por ela e pela também atriz Nathalia Timberg na novela “Babilônia”, da Rede Globo. Por conta disso e muito mais, o texto escolhido para leitura ­ que rola dia 3 de junho, às 20h, na Biblioteca Monteiro Lobato, é “As Lágrimas Amargas de Petra von Kant”, do dramaturgo e cineasta alemão Rainer Werner Fassbinder.
Em 1982, “As Lágrimas Amargas de Petra von Kant” estreou no Brasil trazendo justamente Fernanda Montenegro como protagonista de uma história em que uma badalada designer de moda vive um caso gay com uma jovem modelo interpretada por Renata Sorrah. A direção era de Celso Nunes e no elenco também estava presente Juliana carneiro, entre outras grandes atrizes.
No Ciclo LGBT, a leitura da peça será dirigida pelo jovem diretor Rafael Bicudo, que tem se destacado com elogiados trabalhos em grupos como Teatro da Vertigem, Estúdio Lusco­Fusco, Cia da Escuta e o diretor Bob Wilson, além de ser membro da equipe curatorial da Quadrienal de Praga 2015. Bicudo convidou para a leitura atrizes com vasta e premiada experiência nos palcos e no cinema, como Gilda Nomacce, Tuna Dwek, Gabrielle Lopez, Camila dos Anjos, Lilian Prado e Helena Ignez, consagrada internacionalmente como a “primeira dama do cinema marginal brasileiro”.
A curadoria desse evento é de Zen Salles, dramaturgo das bem sucedidas peças como “Genet, o Poeta Ladrão” e “Tadzio”.
Sobre Petra
A condição humana, mesmo demonstrada através do amor lésbico, é o tema fundamental em “As Lágrimas Amargas de Petra von Kant”, peça de teatro que também virou filme em 1971. O autor dessa peça, Rainer Werner Fassbinder, era homossexual assumido e viveu apenas 37 anos, ao longo dos quais fez, em média, um filme a cada 100 dias, onde predominam temas relativos à situação de “deslocados” ou “marginalizados” na sociedade.
E mesmo com Fassbinder declarando que nunca fez “cinema gay”, o ambiente e a vida homossexual estiveram em primeiro plano em quase todos os seus filmes. Além disso, algumas de suas obras têm como protagonistas homossexuais, como é o caso de “As lágrimas Amargas de Petra von Kant”, “A lei do mais Forte” e o clássico “Querelle”, baseada na obra de Jean Genet.

Ciclo LGBT de Leituras Dramáticas 2015: 3 de junho, às 20h
Biblioteca Monteiro Lobato: Rua General Jardim, 485 – Vila Buarque
(11) 3256-4122