Caso do estudante agredido dentro do (IFBA) será investigado pela instituição

Genilson Coutinho,
20/01/2013 | 23h01

A direção Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA), finalmente resolveu se pronunciar sobre o caso de agressão que ocorreu no último dia 10 dentro da instituição contra o estudante Ramon Lacerda, 17 anos que pode ter sido motivado  por homofobia conforme relato do aluno.

Por meio de uma nota via a assessoria a instituição informou que lamenta o incidente em que um estudante foi atingido por uma pedra e acusa o agressor de homofobia. Segundo o IFBA, o estudante ferido recebeu pronto atendimento no Serviço Médico do instituto.

A nota da instituição, assinada pelo diretor geral Albertino Nascimento, alega ainda que o caso está sendo apurado pela Diretoria Geral do campus através de uma comissão de sindicância para esclarecimento e tomada de decisões administrativas que estejam na competência da instituição.

Fique por dentro do caso:

Um estudante  do curso eletrotécnica, 17 anos,  foi atingido por uma pedrada na última semana por outro aluno que fazia uma suposta brincadeira dentro do Instituto Federal da Bahia (IFBA), localizado no campus Salvador, localizado no bairro do Barbalho. O caso de agressão ocorreu na quinta-feira (10), mas a vítima só tornou o caso público na última quarta (16), após enviar uma carta a um colunista local que escreve sobre cultura e sexualidade e esta ser publicada na íntegra no respectivo site.

De acordo com o relato de Ramon Lacerda, 17 anos, tudo começou quando ele estava em uma praça localizada dentro da instituição, onde os alunos geralmente ficam durante o intervalo. Acompanhado de três colegas, o adolescente conversava sobre a aprovação para a segunda fase do vestibular da UFBA, quando, de repente, foi atingido por uma pedra no rosto, mais especificamente, na parte final da sobrancelha, há cerca de 3cm de distância do olho direito. Ramon Lacerda ressalta que, apesar do ferimento, conseguiu identificar o agressor. “O lesador (um rapaz com 18 anos) foi um aluno do curso técnico de mecânica, na modalidade integrada, que supostamente estava brincando de lançar pedras com os colegas da turma, nesta Praça Vermelha, que é uma brincadeira bem pesada pelo visto, já que atingiu uma pessoa (no caso, EU) que não tinha nada a ver com a ‘BRINCADEIRA’ e que acabou lesionando de forma grave”, desabafa o estudante.

Depois de uma tentativa de reação contra o aluno, mas sem sucesso, Ramon foi encaminhado, com o rosto ensanguentado para o Serviço Médico da instituição. Lá,após ser feito um curativo, o estudante foi  orientado à ir até um hospital mais próximo, pois teria que de levar pontos no ferimento, pra uma possível cicatrização mais rápida. Ramon ressalta ainda que,somente ao sair do ambulatório, percebeu que o ato foi intencional. “Saindo do ambulatório, me reencontrei com o lesador e os outros envolvidos (…), que, de forma humilhante e bastante rude, me agrediu verbalmente, com palavras de baixo calão, afirmando a brincadeira como ‘o lesador será conhecido como a lenda do Cefet, o primeiro a jogar uma pedra num viadinho’. Fora os risos desagradáveis e o “ser feito de piada”. Coisas que tangenciam os danos morais, a violência e agressão verbal, a humilhação pública, e traços de preconceito e homofobia”, ressalta Ramon.

Desesperado, o estudante, que é emancipado, foi até a Direção de Ensino da Instituição, onde comunicou o fato de forma verbal, e posteriormente de forma escrita. “Mesmo muito chocado com a situação e depois de chorar bastante, de desespero, de medo, de um sentimento de pavor, fui até a D.E (…). Espero uma posição da escola, de fator urgente, pois, provavelmente o caso será levado à 2ª Delegacia de Polícia (localizada na Lapinha), onde irei com os meus responsáveis, já que sou de menor”.

Ramon Lacerda ressalta que seu único desejo é que justiça seja feita. “Há fortíssimos boatos que o menino nada sofrerá, apenas um acompanhamento pedagógico. É realmente esta a posição que deve ser tomada? É como se eu tivesse virado um ‘troféu’ pra eles. Entende?”,  lamenta o estudante.