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Capela do MAM exibe o documentário Âncora do Marujo neste sábado (22)

Genilson Coutinho,
21/08/2015 | 13h08

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Nos dias 22 e 29 de agosto, sábados, o documentário baiano Âncora do Marujo será exibido gratuitamente em três sessões: às 16h, 17h30 e 19h. O filme revela os bastidores de um reduto dos mais queridos da boemia e do transformismo, reunindo várias cenas da noite da Carlos Gomes e as histórias das vidas das pessoas que fazem aquele bar ser um dos mais queridos da cidade.

Dirigido pelo diretor Victor Nascimento, o filme revela toda a irreverência do estabelecimento que é um dos mais queridos do universo LGBTT de Salvador e da classe artística, que ali encontra um misto de boemia e o último espaço vivo da arte do transformismo, onde drag queens fazem performances que transitam entre o glamour, a decadência e o humor. A obra faz um retrato divertido e musical de um estabelecimento pitoresco de Salvador, para enfim chegar à compreensão do transformismo como arte e do bar como um território a ser estudado.

“O documentário Âncora do Marujo é um projeto no qual trabalho desde 2011. Eu frequentava o bar com amigos e sempre me senti intrigado pelo seu universo – um dos últimos redutos de transformistas de Salvador, que mistura música, sensualidade e religião. Foi aí que surgiu a ideia de fazer um documentário, observando o cotidiano do bar e dos seus personagens” revela o cineasta. A filmagem aconteceu durante duas semanas, culminando com a celebração do Dia do Marujo, a entidade da Umbanda que dá nome ao bar e representa um mensageiro das águas. “E acabei me emocionando com as histórias de vida que encontrei, e me encantei com o talento desses artistas, que dão tudo de si a cada apresentação. O resultado é um documentário musical que é a cara de Salvador” acrescenta Nascimento.

O documentário mostra a dinâmica desse espaço, tão forte na identidade cultural do Centro de Salvador e sua vida noturna, que transita entre a decadência e a irreverência. O cotidiano, as pessoas que por ali passam, os personagens que fazem o espaço acontecer e levam o público da casa ao sonho. Nomes importantes do transformismo na cidade figuram em “Âncora do Marujo”, como a drag queen Valerie O’rarah, que se destaca por interpretar cantoras românticas da música brasileira como Alcione, Maria Bethânia e Mariene de Castro; Scarleth Sangalo, que conquistou as plateias fazendo imitações de Ivete Sangalo; e Mitta Lux, transformista que chama atenção pelo glamour e números musicais do pop e cabaré.

De acordo com Nascimento, o filme vai ser exibido até o fim do ano gratuitamente em Salvador e Região Metropolitana. “Agora, com o apoio do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura, “Âncora do Marujo” ocupará por três finais de semana a Capela do MAM” explica o cineasta, que pôde finalizar a obra, agora com apoio governamental, por meio do edital. “Ter um filme de tema gay e repleto de religiosidade africana dentro do que um dia foi uma capela é bastante simbólico, especialmente na Bahia onde as coisas são tão sincréticas. E ainda ter o filme ocupando o espaço de um museu como o MAM, mostra uma permeabilidade possível entre artes e uma liberdade ao cinema independente, que muitas vezes sofre com bilheterias e salas de cinema dominadas pelos blockbusters. Isso mostra como um filme pode romper barreiras e encontrar um diálogo com seu público sem abrir concessões comerciais” conclui o diretor.

 

Serviço

Temporada de exibição na Capela do MAM

22 e 29 de agosto, sábado, sessões às 16h, 17h e 19h

Entrada franca

Classificação indicativa: 14 anos.