Brasileiro com HIV há 23 anos segue dando bons exemplos de luta pela vida

Genilson Coutinho,
11/12/2012 | 18h12

No último domingo (9) ,o programa Fantástico apresentou para o Brasil a Historia de Beto Volpe de 51 anos . Um brasileiro lutador e um grande exemplo de que viver é uma luta diária.

É essa vontade de viver que Beto trás há  23 anos depois da descoberta que era portador do vírus HIV, além de já ter passado por mais de 23 cirurgias enfrentado um câncer. Ele não desistiu de seguir levando sua mensagem de otimismo e crença na vida. Veja aqui a historia exibida no Fantástico.

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“Bom dia. Meu nome é Beto Volpe. Eu sou de São Vicente, litoral de São Paulo”, declara Beto, em palestra.

“O Beto é indivíduo que é dotado de uma vontade, de uma gana de viver, que eu conheci em poucas pessoas. É um ser que está sempre alegre, está sempre pra cima”, diz Marcos Caseiro, médico de Beto.

“Eu vivo com HIV há 23 anos. Foram 23 cirurgias. Três episódios de câncer, três acidentes cerebrais. Mas o maior dos efeitos colaterais que eu tive, com isso tudo, foi o amor à vida. É um amor à vida que eu não tinha antes da infecção”, conta Beto na palestra.

Beto Volpe, 51 anos, usa a própria história nas palestras que faz para motivar pessoas com HIV a não desistirem da vida.

“A gente acaba esquecendo da camisinha mesmo. Acaba esquecendo da prevenção”, conta Diego Calixto, estudante de administração. Diego, 23 anos, contraiu a doença há um ano e meio.

“Os jovens gays hoje são efetivamente um dos grupos mais vulneráveis. Um grupo que sempre é importante chamar a atenção para a necessidade que se previnam, que usem a camisinha”, declara Jarbas Barbosa, secretário de vigilância em saúde do Ministério da Saúde.

Segundo o Ministério da Saúde, em média, por ano, são registrados 38 mil casos novos de Aids no Brasil. O número total de infectados chega a 530 mil. E o de mortes, por causa da doença, soma 12 mil por ano.

Na semana em que o mundo inteiro discutiu os avanços e os desafios da luta contra a AIDS, o Fantástico foi à casa do Beto Volpe em São Vicente, litoral de São Paulo. Ele convive com essa realidade há 23 anos.

Beto contraiu o vírus da AIDS em 1989, aos 28 anos de idade. Em 1996, pesando 34 kg, ele foi considerado um paciente terminal.

“Minha mãe, maravilhosa como sempre: ‘meu filho não terminou nada ainda. Vai terminar quando ele morrer. Ele não morreu ainda’”, conta Beto Volpe.

Nessa época, os primeiros remédios do chamado “coquetel” começaram a chegar ao Brasil.

“Muitos pacientes que hoje estão vivos não estariam vivos se não fosse a chegada desse medicamento que certamente mudou a história da Aids e mudou a historia do Beto também”, declara Marcos Caseiro, médico de Beto.

Beto Volpe decidiu viver intensamente. Há dois anos, realizou um sonho: saltar de paraquedas.

“No momento em que o instrutor passa o controle do paraquedas para a gente, aquele momento é mágico. Você está controlando a natureza, você está controlando a lei da gravidade”, conta Beto Volpe.

“Você já se arrependeu de alguma coisa?”, pergunta o repórter. “Sim. Me arrependi de ter perdido a fé. Com a morte do Cazuza, morreu muito de nós. E nesse momento, eu perdi a minha fé. A fé, no sentido que amanhã vai ser melhor que hoje”, responde Beto.

Marcos Caseiro, médico infectologista, alerta os jovens. A nova cara da Aids – com pacientes vivendo cada vez mais e melhor – trouxe uma falsa e perigosa impressão de que se prevenir já não é tão importante.

“Eles não viveram aquele momento grave do pico da epidemia. Nós temos uma epidemia que, se não está em expansão, ela não está em declínio. Ela pode estar estabilizada”, diz Marcos Caseiro, médico de Beto.

Atualmente, Beto precisa de 15 comprimidos por dia. Já chegou a tomar 40. Os medicamentos de uso diário causam efeitos colaterais graves. “Esses pacientes têm um risco maior de terem, num termo genérico, a síndrome metabólica, que inclui hipertensão arterial, osteoporose, lesão renal, infarto agudo do miocárdio”, diz Marcos.

Entre as doenças que Beto já teve, estão a catarata, a pneumonia e a osteoporose, que tornou necessária a realização de duas cirurgias para colocação de próteses nos fêmures, além do câncer que enfrentou em 2003 e em 2008.

“Ele sofreu muito. Fez radioterapia, fez quimioterapia, ele fez muitos procedimentos, mas em nenhum momento, ele se entregou. Ele falou: não, chega. Pra mim, tá bom. É a minha cota”, conta Marcos.

E por isso, Beto ganhou um apelido, uma referência ao filme “Guerreiro Imortal”. “Eu chamo o Beto de Highlander”, diz o médico.

“Eu acredito que a melhor parte das nossas vidas são as dificuldades. Eu sonho com a cura da Aids. Eu sonho com um sistema de saúde que funcione de acordo com o que deveria e eu sonho em morrer depois dos meus pais”, diz Beto.