Baianos causam furor com amor gay em Curitiba

Genilson Coutinho,
10/04/2013 | 15h04


Os baianos da Ateliê Voador Companhia de Teatro, com sede em Salvador, causaram furor nos dois últimos dias do Festival de Teatro de Curitiba.
Em tempos de polêmica pelo deputado Marcos Feliciano ocupar a presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, eles apresentaram a peça O Diário de Genet. A obra tem base no dramaturgo francês Jean Genet, que colocou em primeiro plano as relações homossexuais, antes relegadas ao submundo.
O diretor Djalma Thürler não fez por menos e encheu a peça de cenas homoeróticas, protagonizadas pelos atores Duda Woyda e Rafael Medrado, que exibiram o corpo em excelente forma.
Sobre o Diário de Genet
O Diário de Genet não é uma tentativa de recriar no palco do Teatro Marista momentos da conturbada biografia do polêmico escritor e dramaturgo francês Jean Genet (1910-1986), autor de textos teatrais clássicos como As Criadas e O Balcão. Tampouco pretende ser uma adaptação de seu livro autobiográfico Diário de um Ladrão, no qual o autor relata o que viu e viveu em sua juventude.
O espetáculo fez sua estreia nacional hoje na Mostra 2013 do Festival de Teatro, é uma soma de tudo isso: costura fatos da vida de Genet, cenas de suas peças, entre elas As Criadas e Os Negros, mas também trechos de textos que o autor, após desistir da ficção e de escrever para o teatro, começa a produzir. Reflexões de forte teor político, nos quais ele discorre sobre sua condição marginal, de artista, homossexual e transgressor. “Ele tomou essa decisão de parar, depois de ver uma montagem de O Balcão, de Ruth Escobar [em 1969], momento que também incorporamos à peça”, conta o ator e produtor Duda Woyda, em entrevista à Gazeta do Povo.
O Diário de Genet tem direção e texto de Djalma Thürler, e integra uma trilogia, da qual fazem parte outros dois espetáculos da Ateliê Voador Companhia de Teatro, trupe hoje dividida entre Salvador e o Rio de Janeiro. Os outros dois espetáculos que completam o ciclo são O Melhor do Homem e Salmo 91, que com O Diário de Genet compartilham a preocupação de discutir, além da própria linguagem teatral, em suas amplas possibilidades, como a relação entre atores e personagens, falar de opressão, tanto no âmbito político quanto no físico, emocional e existencial.
O espetáculo, que Woyda diz estar alinhado com propostas do teatro contemporâneo e pós-moderno, também pretende discutir o próprio fazer teatral, personalizado por ele e seu companheiro de cena, o ator Rafael Medrado. O texto de apresentação da montagem resume: “É a reivindicação de uma poética marginal que discute os procedimentos teatrais e mostra seu claro desinteresse pela complexidade psicológica da personagem e a potencialização das relações entre ator e personagens”.Com informações do R7.