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Atuação dos clubes de futebol na luta contra homofobia ainda é tímida

Genilson Coutinho,
11/11/2019 | 10h11

A atuação dos clubes para combater a homofobia ainda é tímida e irregular. Quase sempre elas se restringem a ações de marketing e comunicação nas principais datas comemorativas, como no dia de luta contra o preconceito, em maio.

Um dos poucos clubes que realiza ações constantes é o Bahia, que criou o Núcleo de Ações Afirmativas. “Temos uma frase do nosso hino que diz ‘somos do povo um clamor’. Quando a gente se elege de forma democrática, a gente precisa ouvir o clamor desse povo. O núcleo é um ato de coerência institucional. Uma democracia sem inclusão é uma democracia pela metade”, explica Tiago Cesar, coordenador do núcleo. “O marketing dos clubes pede que os torcedores amem seu clube, comprem ingresso. É uma relação de amor unilateral. Essa relação precisa ser bilateral com reciprocidade”, diz.

O clube tem a política de nome social para pessoas trans na carteira de sócios, uso de banheiros por autodeterminação de gênero e a contrata funcionários trans. As últimas campanhas de combate à homofobia levaram à criação de uma torcida, a LGBT Tricolor, que será lançada oficialmente nas próximas semanas. Ela é autônoma, mas com apoio integral do clube.

“Sempre fui torcedor do Bahia, mas depois que assumi que era gay, eu parei de ir ao estádio. Aquele ambiente era perigoso para mim. As campanhas do clube abriram a possibilidade de participação. O Bahia nos chamou para dentro e já é um parceiro da torcida LGBT”, diz Onã Rudá Silva Cavalcanti, diretor da União Nacional LGBT Bahia e criador da torcida.

“Estamos fazendo uma revolução cultural. Estamos mexendo em um nicho, um reduto cristalizado e engessado. A ideia é levantar reflexões. Sofri algumas ameaças, mas queremos construir um novo ambiente.

Dos quatro grandes clubes de São Paulo consultados pelo Estado sobre o tema, apenas o Palmeiras se manifestou. “A Sociedade Esportiva Palmeiras é contra qualquer tipo de preconceito. Todos que amam o Verdão são bem-vindos e devem ser tratados com respeito. Já fomos vítimas de xenofobia em determinado momento de nossa história, o que nos faz particularmente sensíveis ao problema. Entendemos que o preconceito deve ser atacado com informação e atitudes assertivas, como por exemplo, a criminalização de ações discriminatórias. A sociedade deve ser educada para conviver com a diversidade. Procuramos cumprir com o nosso papel dentro desse contexto”, disse nota do clube.