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Atriz trans é selecionada para bolsa internacional

Redação,
16/03/2021 | 08h03
Renata Carvalho ganhou uma bolsa internacional por seus projetos focados no corpo trans — Foto: Arquivo Pessoal/Renata Carvalho

Uma atriz e dramaturga de Santos, no litoral de São Paulo, foi reconhecida internacionalmente por seus trabalhos focados na questão do corpo transexual, dentro de uma iniciativa cultural para o desenvolvimento da sociedade. Com a bolsa de US$ 7 mil, convertida em cerca de R$ 36 mil, Renata Carvalho, de 40 anos, diz que terá um “ano de tranquilidade” pela primeira vez em muito tempo.

Expulsa de casa, Renata caiu na prostituição compulsória e pagou as contas com trabalhos temporários em um salão, mas se manteve no teatro a todo custo. Apesar de ter assumido a dramaturgia formalmente em 2018, ela diz que não há uma data certa, pois “sempre fez sem assumir ser”.

Mesmo afastada dos palcos por um período, quando passou pelo seu ‘percebimento’ – palavra que prefere, ao invés de transição -, continuou atuando nos bastidores, como diretora, roteirista e dramaturga, segundo contou ao G1.

Com seu trabalho, Renata conseguiu produzir o média-metragem ‘Corpo: sua autobiografia’, no qual fala sobre um corpo em isolamento social e familiar. O plano é que a produção se torne um longa-metragem ainda este ano. Além disso, ela está para publicar seu monólogo ‘Manifesto Transpofágico’ em um livro pela Editora Cobogó, por uma premiação da Lei Aldir Blanc.

Premiação

Renata Carvalho foi indicada à bolsa pela dançarina Lia Rodrigues, concorrendo com outras 20 propostas. Ela foi classificada entre as três finalistas. Além dela, foram premiados o escritor Shawon Akand, de Bangladesh, e a cineasta Sevinaz Evdike, da Síria.

A atriz concorreu com seu projeto ‘Movimento Nacional de Artistas Trans (Monart)’. A seleção foi feita por ex-bolsistas e conselheiros da Afield, rede internacional que apoia artistas por todo o mundo.

Segundo Renata, a premiação lhe dará “um pouco de tranquilidade” neste ano, permitindo que ela não precise se preocupar com as despesas mais simples. “Ainda mais neste momento, onde é muito difícil atuar na arte e ser uma travesti no Brasil”, finaliza.