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Ator brasiliense monta musical sobre como viver com HIV e revela sua sorologia

Genilson Coutinho,
29/07/2015 | 09h07

ator

Graduando de Artes Cênicas pela Universidade de Brasília, Gabriel Estrëla está em meio à montagem de musical, de sua autoria, com estreia prevista para outubro deste ano. Recentemente o ator, cantor, dramaturgo e também diretor teatral surpreendeu e emocionou a classe artística local ao revelar sua sorologia em depoimento publicado numa rede social.

O espetáculo “Boa Sorte” também dá nome a um projeto de iniciativa do artista, que tem por objetivo trazer luz e promover discussões e bate-papos sobre como viver com HIV. “Descobri-me soropositivo muito jovem, aos 18 anos, e se na época eu tivesse a referência de pessoas vivendo com HIV e dispostas a conversar abertamente, tudo teria sido mais fácil”, recorda Gabriel, hoje aos 23 anos.

Por iniciativa própria, e com apoio e carinho da família, Gabriel encontrou nas artes, em palestras com especialistas e pesquisas sobre o assunto a energia que precisava para se manter em tratamento e acompanhamento médico adequados. “Já se vão cinco anos que aderi ao tratamento com antirretrovirais assiduamente e desde o início minha carga viral está indetectável, ou seja, não aparece nos exames de rotina”, comemora.

A vontade de dividir sua experiência e também de apoiar pessoas vivendo com HIV, o levou a engajar-se em trabalho social junto à ONG Vida Positiva e no Polo de Prevenção de DST/AIDS. Sua dedicação e interesse em falar sobre o assunto lhe rendeu convites para participar de bate-papos e seminários sobre HIV/AIDS tanto em Brasília como fora.

Cantor e ator com experiência, tento participado de alguns musicais em papeis importantes, Gabriel se sentiu preparado para escrever um espetáculo autobiográfico que contasse sua experiência como soropositivo. “Montar este espetáculo vinha de encontro com uma necessidade minha de autoconhecimento, de falar sobre o assunto, como forma de uma terapia mesmo”, conta Gabriel, e lembra “nem tinha a intenção de ser uma ferramenta de luta”.

O musical conta com trilha sonora de músicas da MPB. “Boa Sorte / Good Luck”, de Vanessa da Mata e Ben Harper, é a que dá nome ao espetáculo. “Foi esta a canção que estava tocando na sala de espera do laboratório, quando fui buscar o resultado do exame que acusava minha sorologia”, recorda Gabriel. A letra começa com o verso “É só isso, não tem mais jeito, acabou, boa sorte”.

O espetáculo está em processo de construção e readaptação. A estreia da primeira versão aconteceu em julho de 2013, no Instituto de Artes da UnB. “Desde então, muita coisa mudou, o texto, que tinha seis páginas, hoje já está com 16″, diz Gabriel, e adianta “muita informação foi acrescentada”.

Para esta nova montagem, o diretor e autor em conjunto com o Grupo Po.N,T.E, do qual faz parte, está recebendo currículos de atores-cantores, de preferência que toquem algum instrumento musical, para composição do elenco. Aos interessados, pede-se enviar material para o e-mail BoaSorteBrasilia@gmail.com até  7 de agosto. As audições estão marcadas para 14 e 15 de agosto. A temporada de estreia será de 22 a 25 de outubro em Brasília.