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Ativistas, gestores e governo dão a largada para novas campanhas de prevenção ao HIV/aids

Genilson Coutinho,
22/08/2014 | 09h08

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Por Diego Calissto

Um Grupo de Trabalho (GT) se reuniu em Brasília com Fábio Mesquita, diretor do Departamento de DST/Aids e Hepatites Virais, para começar a pensar nas campanhas do Dia Mundial da Luta Contra a Aids 2014 e do Carnaval 2015. Diego Calissto participou representando a Rede Nacional de Adolescentes e Jovens Vivendo com HIV/Aids e também o Fórum Consultivo de Juventude do Unaids e do Pacto Global para o Pós-2015. Ele escreveu sobre a reunião o texto que publicamos a seguir:

Prevenir, testar e tratar numa linha tênue de causa e consequência

Na terça-feira (19), aconteceu em Brasília, no Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, do Ministério da Saúde, a reunião do GT (Grupo de Trabalho), consultivo, de Comunicação sobre o Dia Mundial de Luta contra a Aids 2014 e para o Carnaval 2015. Participaram representantes da sociedade civil, comunicadores, governo e gestores.

O objetivo foi pensar e elucidar ideias e estratégias pertinentes ao cenário atual de enfrentamento da aids econtemplar parâmetros e objetivos mais amplos, como a meta regional para a América Latina estipulada pelo Programa Conjunto das Nações Unidas Sobre HIV/Aids (Unaids) , pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Grupo de Cooperação Técnica Horizontal e Sociedade civil. Essa meta é chamada 90/90/90 até 2020.

O diretor do Departamento, Fábio Mesquita, ressaltou, na abertura da reunião, a importância de nos consultar para a construção da campanha e, sobretudo, de poder escutar as pessoas que são ou trabalham com as chamadas populações-chave, isto é, comunidades com risco acrescido e maior prevalência em relação ao HIV. Embora lideranças do movimento LGBT que foram convidadas não estiveram presentes, pelo fato de terem perdido o vôo até Brasília, segundo justificativa fornecida as pessoas que estavam a frente da organização do GT.

Fábio disse ainda que a epidemia no Brasil é concentrada e é preciso trabalhar junto das populações mais afetadas para criar estratégias que acessem esse público, principalmente os jovens. Destacou que a nova geração não viveu as ondas da epidemia nas décadas de 80 e 90 e, por isso, está banalizando a aids e os insumos de prevenção, encarando a doença como tratável e sem consequências decisivas e importantes em suas vidas.

Outro aspecto importante da reunião foi com relação aos objetivos da nova campanha, a ser lançada no próximo 1º de Dezembro, que envolvem o testar e tratar e a adesão precoce ao tratamento. Ou seja, o mesmo protocolo lançado no Dia Mundial de Luta Contra a Aids do ano passado, que recomenda o uso dos antirretrovirais no ato do diagnóstico, independentemente da contagem de CD4 e da carga viral. Também adota a ampliação da testagem, por meio do programa Viva Melhor Sabendo, dirigido às populações-chave.

Além disso, a nova campanha tem como objetivo reduzir a mortalidade e a morbidade e prevenir a transmissão do HIV, levando em conta que a finalidade do tratamento é deixar a carga viral suprimida, segundo estudos, em pessoas com carga viral indetectável, a transmissão do HIV, por meio de relações sexuais, cai em até 96% .

Ainda com relação à nova ampanha, ela vem também alinhavada à meta regional para a América Latina, a meta 90/90/90, que tem por finalidade alcançar um total de 90% das pessoas testadas, 90% das pessoas tratadas e 90% das pessoas com carga viral suprimida – daí o tratamento ser reforçado como uma ferramenta também de prevenção do HIV.

Como foco da campanha que será divulgada no próximo 1º de Dezembro , definiu-se a população jovem, de 15 a 24 anos, que contempla também as populações-chave , como pessoas trans, jovens gays e homens que fazem sexo com homens (HSH), trabalhadores sexuais, carcerários e usuários de drogas injetáveis.

Porém, outras ações, mecanismos e estratégias serão desenvolvidos para acessar diferentes públicos na próxima campanha, tanto do ponto de vista do aspecto geral da população, em todas as faixas etárias, quanto estratégias lincadas à campanha do Dia Mundial.

A nova campanha terá de contemplar, também, outros cenários como o dos profissionais da saúde, da falta de manejo adequado nos serviços e da incidência da aids na terceira idade, que culmina diretamente no aumento do número de óbitos por aids. Além disso, foi consenso que as ações de prevenção e de visibilidade em relação à aids devem ser trabalhadas não só nesses dois calendários, mas durante o ano todo, encadeadas à linha de abordagem da campanha do Dia Mundial.

O GT foi muito plural e rico de opiniões e informações e permitiu às pessoas envolvidas na construção da campanha ter um parâmetro do ponto de vista das questões envolvendo camisinha e seu discurso, cardápio de prevenção e profilaxias disponíveis, questões ligadas a comportamento, gestão de risco, educação sexual e, principalmente, como e onde explorar as tecnologias de informação e comunicação (TICs).

Diego Calissto, ativista e colaborador/observador