Atendimento ao público LGBT no SUS foi pauta central de debate em Salvador

Genilson Coutinho,
26/10/2012 | 23h10


O tratamento dado ao público LGBT no Sistema Único de Saúde (SUS) foi o principal assunto do debate “Saúde física e psíquica das minorias sexuais”, uma das ações da exposição “Condenados – no meu país, minha sexualidade é um crime”, que fica aberta à visitação, no Centro Cultural Correios, na Praça Anchieta, no Pelourinho, até 16 de novembro. A mostra reúne 50 autorretratos de homens que vivem em países onde a homossexualidade é criminalizada e, desde 4 de outubro quando foi aberta ao público, vem trazendo para Salvador espaço de discussão entre a comunidades e os representantes do Governo. A entrada é franca.
Com a presença do diretor adjunto do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Eduardo Luiz Barbosa, e de Javier Angonoa, consultor da Laços Sociaids – parceria entre a Unaids e o Governo do Estado da Bahia, o debate de ontem, iniciado às 16h, passou por questões como a diferenciação de identidades sexuais durante o atendimento, que poderiam extrapolar do feminino e masculino; a busca por saúde integral, desde a saúde preventiva ao tratamento das enfermidades; e equidade no tratamento dispensados pelos funcionários da rede, entre outras inquietações do público LGBT.
“Fui ao posto de Saúde com dengue. Só porque eu estava usando uma camiseta com o laço da Aids o médico nem me examinou”, este foi um dos exemplos usados por Javier Angonoa para ilustrar o que no debate foi considerado despreparo dos profissionais de saúde para atender à população. “Por falta de atendimento qualificado, por medo da discriminação, muitos homossexuais deixam de buscar ajuda médica e ficam doentes”, apontou o consultor da Laços Sociaids.
Porém, o representante do Ministério da Saúde, Eduardo Barbosa, disse que de 2004 até os dias atuais, houve “um grande avanço” no SUS quanto a este público. “Há oito anos, o Brasil distribuía cerca de 10 drogas para pessoas com Aids, hoje são cerca de 22, sendo que país produz a metade destes medicamentos”, contou Barbosa. Ele lembrou que neste período o Brasil implantou sua primeira fábrica de preservativos, os quais são distribuídos nos Postos de Saúde.
A questão do diagnóstico ainda é considerada um ponto frágil em todo País. A partir do dia 22 de novembro deve começar uma onda de implantação dos chamados testes-rápidos, testes que são para a triagem, em todo o Brasil. A ideia, de acordo com Barbosa, é implantar em todas a unidades de saúde básica os kits e preparar os funcionários para fazer os teste. De acordo com os dados da Ministério da Saúde, cerca de 250 mil brasileiros são portadores do HIV/Aids e não sabem.
Papel Social da Arte deve ser tema de último debate
A arte que leva informação, que gera indignação, que transforma, será tema do último dos três debates promovidos pela mostra internacional. A proposta é mostrar como, por meio da fruição estética, a arte pode fazer diferença nas vidas das pessoas. Assim como ocorre na exposição “Condenados – no meu país, minha sexualidade é um crime”.
Elaborada sob a curadoria de Philippe Castebon, jornalista e fotógrafo francês, a mostra é o resultados da pesquisa feita por meio de sites de relacionamento, que Philippe utilizou para conhecer homens gays que vivem em países em que há na legislação uma criminalização à prática homossexual. Desses encontros virtuais surgiram os 50 autorretratos, que chocam, que escondem e revelam, as facetas de sociedades que criminalizam o sujeito pelas suas diferenças.

SERVIÇO
Exposição “Condenados – No Meu País, Minha Sexualidade é Um Crime”
Local: Centro Cultural Correios Salvador – Praça Anchieta, Pelourinho, Centro Histórico de Salvador (BA)
Horário: de segunda a sexta, das 10 às 18 horas; sábado, das 8 às 12 horas
Entrada: franca
Recomendação etária: 14 anos
Visitação: de 4 de outubro a 16 de novembro de 2012

Ciclo de debates:
3º debate: dia 01 de novembro, às 16h – “O papel social da arte”, com Luiz Mott (antropólogo, historiador e fundador do Grupo Gay da Bahia) e Angela Elisabeth Lühning (UFBA / Fundação Pierre Verger).