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Ateliê de Coreógrafos Baianos chega para movimentar a cena da dança contemporânea da Bahia com dois produtos

Genilson Coutinho,
08/04/2021 | 12h04
Memória das aguas -foto Marcley Oliveira

O projeto Ateliê de Coreógrafos Baianos, inspirado no Ateliê de Coreógrafos Brasileiros (2002 a 2006), apresenta o espetáculo de dança Carybé em 3 Linhas, uma proposta artística baseada no universo plástico do grande pintor Carybé, um apaixonado pela dança, e que se desdobra em três atos – Depois, o Tempo que não Existe, de Jorge Silva, no dia 09 de abril, às 20h, Memória das Águas, de João Perene, e Xirê de Mulheres, de Edileuza Santos, ambos no dia 10, às 20h. Tudo apresentado gratuitamente, e de forma virtual, no YouTube e Instagram através do link ateliedecoreografosba.

No dia 09 de abril, às 20h, acontece também o lançamento do catálogo Traços da Memória da Dança Contemporânea em Salvador – 2000 a 2010. Uma publicação que se propõe a registar os principais movimentos da dança contemporânea na cidade de Salvador nesse período de 10 anos, preservar sua memória, e que tem como um dos principais objetivos preencher uma grande lacuna na bibliografia da linguagem da dança local. Ele foi elaborado também para servir como fonte de pesquisa e inspiração para as novas gerações.

É sempre importante frisar que o Ateliê de Coreógrafos Brasileiros, que inspirou o novo Ateliê dedicado aos coreógrafos baianos, movimentou a cena da dança na década de 2000, contemplou coreógrafos de todas as partes do país e tornou-se referência na história da dança contemporânea brasileira.

Memória das aguas -foto Marcley Oliveira

As atuais iniciativas, assim como o Ateliê da década de 2000, têm a concepção e direção artística da bailarina e gestora cultural Eliana Pedroso.

“O Ateliê de Coreógrafos Baianos é uma cria que se recria 15 anos depois.  Inspirado no antigo Ateliê, surge para fomentar a produção na cena da dança local e provocar um registro de memória de uma década que terminou menos brilhante do que começou. Para a criação do espetáculo Carybé em 3 Linhas, busquei 3 coreógrafos baianos com identidades coreográficas diversificadas, e os uni em um mesmo ponto de inspiração: o universo plástico de Carybé, onde o movimento está sempre presente e é muito inspirador para os artistas da dança”, lembra Pedroso.

Tempo, memória e xirê – Para o coreógrafo João Perene, os quadros de Carybé – O sol, A tentação de Antônio, Samba e Na lagoa serviram de inspiração para a construção do roteiro coreográfico de sua obra.

Memória das Águas é uma ‘ode’ ao mestre Carybé, ao colorido, à alegria, ao misticismo e à sedução do povo baiano, que ele soube tão bem delinear em uma tela em branco.  Suas figuras marcantes foram fontes inesgotáveis para a pesquisa de movimentos que viriam a habitar os corpos de cada bailarino (a) envolvido no projeto”, revela Perene.

Já Jorge Silva se inspirou em uma escultura de Exu, orixá da comunicação e da liberdade, para criação e concepção do espetáculo Depois, o Tempo que não Existe.

“A ideia central é, a partir da obra, trazer para a cena algumas particularidades dessa divindade, em uma leitura pessoal, através de arquétipos comuns de Exu, aliados à nossa vida terrena e dialogando diretamente com as nossas existências”, conta Silva.

Coreógrafa de Xirê de Mulheres, Edileuza Santos acredita que toda criação artística, desde a apresentação da estética e da narração, tem como finalidade construir um pensamento político.

“Desenvolvi uma performance que tenta estabelecer um diálogo entre a obra de Carybé e a diáspora africana, e anunciar um futuro em que as mulheres tenham potencial para construir uma sociedade nova e diversa, embalada na ancestralidade n​egra dentro do universo dos orixás e em busca de um futuro menos conflitante”, detalha Edileuza.

Biografia – Carybé nasceu na Argentina em 1911 e chegou ao Brasil em 1949. Logo no início de 1950 se estabelece na capital baiana, onde vive até sua morte em 1997, aos 86 anos. Foi pintor, gravador, desenhista, ilustrador, mosaicista, ceramista, muralista e jornalista. 

Durante os quase 50 anos em que viveu na Bahia, Carybé desenvolveu uma profunda relação com a cultura e com os artistas de Salvador. As manifestações culturais locais passaram a marcar sua obra. Ao lado de outros artistas, participou ativamente do movimento de renovação das artes plásticas no Estado.

O projeto tem apoio financeiro do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura e da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Programa Aldir Blanc Bahia) via Lei Aldir Blanc, direcionada pela Secretaria Especial da Cultural do Ministério do Turismo, Governo Federal.

O quê: Ateliê de Coreógrafos Baianos

Quando:

  • 09 de abril de 2021 – Lançamento do Catálogo “Traços da Memória da Dança Contemporânea em Salvador – 2000 a 2010”

Estreia de “Carybé em 3 linhas”

Ato I – Depois, um Tempo que não Existe, de Jorge Silva

  • 10 de abril de 2021– Estreia de “Carybé em 3 linhas”

Ato II- Memória das Águas, de João Perene

Ato III- Xirê de Mulheres, de Edileuza Santos

Hora:  20h

Onde: YouTube e Instagram – link ateliedecoreografosba

Valor: Gratuito

Contato: Eugênio Afonso – 71 99984.3390