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Artistas e militantes se manifestam contra a ‘cura gay’

Genilson Coutinho,
19/09/2017 | 12h09

Anitta em vídeo contra a decisão judicial que libertou a ‘cura gay’ (Reprodução/Instagram)

Na última segunda-feira, 18, o juiz Waldemar Cláudio de Carvalho, da 14ª Vara do Distrito Federal, concedeu uma liminar que abre brecha para que psicólogos ofereçam terapia para reorientação sexual, conhecida popularmente como ‘cura gay’. A prática é proibida por uma resolução de 1999, do Conselho Federal de Psicologia.

A decisão do juiz gerou revolta nas redes sociais, e muitos artistas se posicionaram contra, ressaltando que homossexualidade não é doença. Muitos artistas e internautas estão usando a hashatag #HomofobiaéDoença. A classe artística utilizou as redes sociais para se manifestar contra esse retrocesso repleto de preconceitos.

As cantoras Ivete Sangalo , Preta Gil,  Anitta , Daniela Mercury  e o deputado Jean Willys  se manifestaram através das suas redes socais para protestar contra a decisão.

https://www.instagram.com/p/BZM8GkHFhco/?taken-by=anitta

O deputado federal e militante das lutas  LGBT, Jean Willys, afirmou que “‘CURAR’ A HOMOSSEXUALIDADE É COMO DIZER QUE A TERRA É PLANA. A decisão do juiz é uma aberração legal e científica. Por um lado, ela viola a Constituição Federal e diversos tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil é signatário. Por outro lado, significa uma intromissão indevida nas decisões do Conselho Federal de Psicologia”, afirmou.

Segundo o Conselho Federal de Psicologia a decisão abre uma “perigosa possibilidade de uso de terapias de reversão sexual. A ação foi movida por um grupo de psicólogas (os) defensores dessa prática, que representa uma violação dos direitos humanos e não tem qualquer embasamento científico”, afirma em nota publicada em seu site oficial.

Além das manifestações dos artistas, abaixo -assinado e notas de repúdio pedem a cassação da liminar.

Assine o Abaixo-Assinado

Homossexualidade não é doença! Repúdio à decisão da Justiça Federal do DF.

A cantora Ivete Sangalo também postou no instagram :

A UNALGBT repudia a repatologização das orientações sexuais
A União Nacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e Travestis – UNALGBT, repudia a decisão do juiz Waldemar Cláudio de Carvalho, do Distrito Federal, que abre brechas para interpretações quanto à Resolução 01/99 do Conselho Federal de Psicologia, ignorando toda a argumentação jurídica, técnica e científica realizada por este órgão.
O juiz se vale de falácias, como diagnósticos ultrapassados e já refutados, ainda afirma que as pessoas que desejam reverter sua (homo)sexualidade estariam ficando sem atendimento.
O magistrado claramente ignora que homossexualidade não é mais considerada doença pela Organização Mundial da Saúde desde 1990, e optou por não levar em consideração as pesquisas realizadas no mundo todo nas últimas décadas, que apontam a impossibilidade de reversão sexual (seja ela qual for), bem como os malefícios trazidos por essas práticas a quem se submeteu a elas.
Uma pessoa que procura um(a) psicólogo(a) para reverter sua sexualidade não ficará sem atendimento, entretanto, o(a) profissional deve conduzir o processo terapêutico para o autoconhecimento e autoaceitação, sem induzir a qualquer tipo de orientação sexual.
Vale ressaltar que, além da referida resolução, o Código de Ética do Psicólogo também prevê, em seu Artigo 2º, que é vedado a esta categoria profissional “b) Induzir a convicções políticas, filosóficas, morais, ideológicas, religiosas, de orientação sexual ou a qualquer tipo de preconceito, quando do exercício de suas funções profissionais”.
Há ainda que se levar em consideração que, o órgão máximo do Poder Judiciário, Supremo Tribunal Federal, por algumas vezes já decidiu favoravelmente à pautas históricas da população LGBT, inclusive sobre o reconhecimento da União Homoafetiva, reforçando por unanimidade a naturalidade dessas relações.

A UNALGBT congratula o Conselho Federal de Psicologia e os Conselhos Regionais de Psicologia que estão engajados na luta pelo fim das LGBTfobias, inclusive pela despatologização das identidades trans.
Conclamamos a todas as pessoas progressistas, comprometidas com uma sociedade mais justa e livre de opressões, a se posicionaram e manifestarem contra as investidas reacionárias, conservadoras e retrógradas que afligem os direitos civis e a garantia do bem estar das populações LGBT.