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Teatro

Após ataques, espetáculo sobre LGBTfobia no Recife faz apresentação de resistência

Genilson Coutinho,
15/08/2018 | 15h08

Genivaldo denunciou os ataques no Facebook Reprodução/Facebook

Após sofrer ameaças violentas, a ONG Fábrica Fazendo Arte realiza a apresentação do espetáculo “Máscaras”, nesta quarta-feira (15), no Teatro Apolo, a partir das 19h. Depois de duas apresentações, Genivaldo Francisco, educador popular e fundador da ONG, recebeu telefonemas ameaçadores e LGBTfóbicos. Para resistir e reafirmar a mensagem que o espetáculo transmite, refletindo sobre o preconceito sofrido pela população sexodiversa, a ONG decidiu encenar a história mais uma vez. A entrada é no esquema “pague o quanto puder”.
O espetáculo foi feito com base na história de uma das integrantes do Fábrica Fazendo Arte, uma travesti, negra, moradora da periferia do Recife. Na história, vemos a protagonista se tornar alvo da transfobia, ser expulsa de casa e sofrer ataques preconceituosos em um terminal de ônibus da cidade.
O Brasil é o país que mais mata a população T no mundo. Em 2018, até o dia 21 de julho, foram registrados 95 assassinatos de travestis e transexuais, segundo a Associação Nacional de Travestis e Transexuais. Abaixo, segue na íntegra a nota do fundador do Fábrica Fazendo Arte sobre as ameaças sofridas.
“Na noite da última quarta feira dia 01/08 do presente ano, foi realizada mais uma Intervenção Artística do projeto Fábrica Fazendo Arte no Teatro Apolo com o Espetáculo Máscaras da Cia de Teatro e Dança Maquinaria, uma noite linda, memorável, marcante para muitos, e que ficará guardada para posteridade.
 
No entanto, nem tudo seria um mar de rosas, ao chegar a minha residência ainda em êxtase com o que estamos proporcionando a esses jovens, recebi uma ligação de um telefone público com mensagens de cunho preconceituosos e racista, mas relevei e cheguei a pensar que seria apenas uma brincadeira de mau gosto, fui descansar porque no outro dia a rotina seria exaustiva.
 
Contudo, ao acordar recebi outra ligação de um outro telefone público com ameaças mais fortes, palavras irônicas e violentas sobre o trabalho que venho desenvolvendo com jovens dessa cidade. Hoje me encontro assustado com o despertar de tanta raiva e ódio, ainda custo a acreditar que este tipo de violência poderia chegar a mim, por trabalhar de forma humana, empática e de sensibilização para mazelas sociais que está em nosso cotidiano.
Mas não vou me entregar muito menos baixar a cabeça, não vou desistir fácil.
A arte vai ser sempre a forma com que vou expressar o meu de pensar o meu agir. 
Meu grito de luta não será calado.”
 
SERVIÇO
 
Espetáculo “Máscaras”
Quando: Quarta-feira (15/08) | 19h
Onde: Teatro Apolo ( R. do Apolo, 121 – Recife, PE)
Quanto: Pague o Quanto Puder