Comportamento

HIV em pauta

Saúde

André Fischer fala sobre programação do Festival Mix Brasil e união entre movimentos de aids e LGBT

Genilson Coutinho,
16/11/2021 | 13h11

Na última segunda-feira (15) , a jornalista Marina Vergueiro conversou com o diretor e criador do Festival Mix Brasil, André Fischer. André é colaborador de publicações nacionais e internacionais direcionadas ao público LGBTQIA+, tem sete livros publicados incluindo Manual Ampliado de Linguagem Inclusiva (2021) e é palestrante e consultor sobre assuntos ligados à temática da Diversidade e Comunicação Inclusiva.

Durante o bate-papo, Fischer falou sobre a relação do movimento LGBT e a história da aids, e lembrou “o fato de o movimento LGBT não querer tratar o tema do HIV/aids para não cair sobre o estigma”.

“Antigamente não havia essa dissociação dentro da comunidade. O Movimento LGBT se estruturou para lutar contra não só o preconceito, mas também lutar por acesso a tratamento. Eram lutas que não estavam dissociadas, porque era pela nossa própria sobrevivência enquanto comunidade.”

Fischer lembrou que hoje ainda morrem cerca de 10 mil pessoas por aids no Brasil, mas ressaltou os avanços obtidos na construção dessa história. “Já houve um tempo em que havia zero filmes falando sobre HIV, e não havia nada sendo produzido sobre o tema”, disse ao destacar um dos lançamentos mais relevantes do festival, o filme “Deus tem Aids”.

“O Festival Mix Brasil também foi mudando. Ele acontecia nesses espaços com menor acesso, com um público de homens gays, brancos, de classe média e foi ampliando, expandindo seu campo de atuação, chegando a outros lugares. Hoje é um festival que tem uma programação gratuita online. Passamos um bom tempo nos reestruturando para que ele fosse mais democrático e mais amplo.”

O festival

Um festival de cinema híbrido. Ocupando as salas de cinema e as casas do público, o festival traz 117 filmes de 28 paises. Cinematografias apuradas, histórias pulsantes e interpretações vigorosas de filmes já consagrados em festivais nacionais e internacionais.

Já no que diz respeito ao campo do teatro, neste ano, por meio de edital realizado em parceria com o Centro Cultural da Diversidade e a Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, foram selecionados cinco projetos (entre 61 inscritos) para residência artística em setembro e outubro. Temas atuais e urgentes da comunidade LGBTQIA+ foram desenvolvidos com diversas linguagens e formatos, com estreia presencial dos espetáculos acontecendo no 29º Festival Mix Brasil, no Teatro Paulo Eiró, e posterior exibição na plataforma digital #CulturaEmCasa. Júri e público escolhem seus favoritos, e estes receberão Coelhos de Ouro e Prata.

Além disso, o festival conta com os espaços sobre literatura, música, workshop na área audiovisual.  Nesse sentido, o Mix Talks se destaca como um espaço pra convergência de diálogos que vem se fortalecendo no encontro da multiplicidade de narrativas que compõem o nosso tempo. Do entretenimento adulto nas plataformas digitais à saúde mental das LGBTQIA+, da visibilidade lésbica ao reconhecimento das pluralidades indígenas, passando pelos impactos da censura moral na vida e nas artes, esta edição elencou uma gama de temas que, enquanto reconhecem a cultura da diversidade presente, também lançam o olhar para o futuro das relações, elaborações de humanidades e das construções de um mundo novo.

Para acompanhar a programação do Festival Mix clique aqui