André Carvalho e Duda Woyda discutem o melhor do homem em entrevista para o Dois Terços

Fábio Rocha,
20/08/2011 | 11h08



Por Bira Vidal

Desejos, conflitos e amores. Esses são os sentimentos passados na peça O Melhor do Homem, em cartaz no Teatro Molière, na Aliança Francesa. O espetáculo, que acontece todos os sábados e domingos de agosto, às 20h, foi buscar no texto da americana Carlota Zimmerman a relação entre dois homens que acabam ressaltando o que o homem traz de melhor, assim como o de pior. As inseguranças e temores são transportados ao palco pelos atores André Carvalho e Duda Woyda, os quais concederam uma entrevista ao portal Dois Terços e revelaram detalhes sobre o espetáculo.

Dois Terços – Qual é a temática do espetáculo O Melhor do Homem?

Duda Woyda – A peça fala sobre o relacionamento entre dois presidiários, e a possível relação de amor entre os dois. Mas ela não tem uma temática gay, ou heterossexual. Na visão mais rápida, imediata, as pessoas acham que é uma peça gay, mas a situação mostra algo muito maior. E eu acho que dois homens numa prisão chega a ser um ambiente favorável.

DT – E como essas personagens foram compostas?

André Carvalho – Meu personagem é um cara bronco, bruto, que pensa que ganha tudo na força. Ele reflete a questão dos conceitos sociais, e do que a sociedade impõe. Para ele, tudo é preto no branco, tudo é uma questão normativa. Tem a visão do cristianismo, o que é proibido, o que é imoral. Na cabeça dele, ele não é gay, ele só “come”. Só que tem uma transformação, uma nova realidade. A prisão constrói uma nova sociedade, que não tem forte influência da sociedade [aqui fora]. Isso acontece ao decorrer da peça.

DW – E meu personagem é gay, ele é um garoto de programa que usa drogas e que já está preso a algum tempo. O texto dá uma base para a construção das personagens e nós usamos filmes, vídeos e imagens. Eu assisti Oz, Prison Break, Brokeback Mountain, e usei psicologicamente Oz.

DT – Como vocês descobriram e adaptaram o texto original da Carlota Zimmerman?

DW – Nós conversamos com a Carlota por e-mail. Ele mora nos Estados Unidos e estamos tentando trazer ela para o Brasil. Nós mantemos o texto original, mas colocamos alguns elementos de cá, tem um pai de santo, por exemplo. A peça se passa em Nova Iorque, e eu não falo de reais e sim de dólares.

DT – O que inseriu o espetáculo a programação do festival Bahia em Cena.?

DW – Nós fomos convidados a partir da repercussão, tendo na nossa última temporada a casa lotada. Nós também fomos indicados na categoria de melhor ator no [prêmio] Braskem, e recebemos o prêmio Luiz Mott de Cidadania em Feira de Santana na categoria de espetáculo teatral relacionado a temática. Inclusive, essa é a primeira gay play nacional.

DT – E o futuro? Vocês já têm planos para apresentações futuras?

DW – A gente vai para São Paulo com o patrocínio da Vivo. Nós ficaremos durante duas semanas, a primeira pela Vivo e a segunda por um convite que recebemos. Estaremos lá dia 15 de outubro.