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Aluna denuncia professora por transfobia e racismo na UFBA: ‘tirou meu direito de ter uma construção crítica’

Redação,
12/09/2023 | 18h09
Foto: Facom

Uma mulher trans estudante da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (UFBA), denunciou uma professora da instituição por racismo e transfobia. O caso aconteceu nesta terça-feira (12), em Salvador, durante uma aula do curso de Produção Cultural.

De acordo com a vítima, estudante de Produção Cultural e cantora lírica Liz Reis, a situação teria começado depois que a professora não concordou com as críticas da aluna a respeito de um texto. A professora teria tratado ela com pronomes masculinos e dito que os comentários dela estavam “fora do conteúdo”.

“Ela perguntou meu nome quando fiz o primeiro comentário e eu respondi. Ela disse: ‘acho que você está chateado’ e eu corrigi para ‘chateada’. Eu disse que estava sendo violentada”, contou.

Ainda segundo Liz, a professora passou a ignorar os seus comentários durante a aula, mas ela não parou de expor suas opiniões sobre o texto. Em determinado momento, a professora teria chamado um funcionário da instituição para retirá-la do local.

“Ela chamou um servidor e disse que havia ‘uma figura em surto psicótico em sala de aula'”, afirmou.

Nas redes socais as movimentações de apoio a Liz cresce

Liz contou ainda que saiu da sala de aula e gritou pelos corredores da Facom que estava sofrendo racismo e transfobia. Ela desceu as escadas da instituição e foi até o colegiado para registrar a denúncia contra a professora, mas encontrou a porta fechada.

Depois de pedir algumas vezes para registrar a denúncia, a porta do órgão estudantil foi aberta pelos funcionários e Liz foi atendida. Logo em seguida, ela decidiu ir à delegacia e registrou um boletim de ocorrência. Em nota, a Polícia Civil informou que o caso será investigado pela delegacia do Rio Vermelho.

Após a situação, alunos da Facom fizeram um abaixo assinado contra a professora Jan Alyne Barbosa pedindo a exoneração da professora dos cargos que ocupa atualmente na UFBA. Até a última atualização desta reportagem, mais de 400 pessoas tinham participado do abaixo-assinado, concordando com a saída da servidora.

Em nota, a Universidade Federal da Bahia (UFBA) informou que a “Ouvidoria da UFBA ainda não tem registro dessa denúncia” e que, ao ser efetivada, a instituição vai seguir os procedimentos estabelecidos para apuração e o caso será encaminhado para processo investigativo, transcorrendo conforme descrito no parágrafo anterior.

Já a professora denunciada pela estudante informou que aguarda apoio jurídico e institucional em relação à denúncia.

Nota na íntegra da UFBA

A Universidade Federal da Bahia é reconhecidamente inclusiva, diversa e predominantemente negra, jovem e feminina. Este novo perfil de comunidade – em que três a cada quatro estudantes de graduação da UFBA são negros e de baixa renda – é o resultado de uma década e meia de ações afirmativas protagonizadas pela instituição, que a norteiam. A criação de cotas para pessoas trans, em vagas supranumerárias, é uma das ações de inclusão criadas por esta universidade.

Sendo assim, qualquer forma de assédio é considerada não apenas uma agressão aos que foram vitimados, mas ao próprio espírito da universidade, devendo ser rigorosamente apurados e, uma vez devidamente comprovadas as acusações, punidos conforme as leis do país e os regulamentos da Universidade Federal da Bahia.

Quaisquer denúncias devem ser encaminhadas através dos canais institucionais, ou seja, à direção da unidade ou diretamente à ouvidoria da UFBA aos quais cabe dar prosseguimento ao processo investigativo, que será conduzido pela Unidade Seccional de Correição, unidade vinculada à reitoria de UFBA.

A sua missão está intrinsecamente ligada às atividades relacionadas à prevenção e apuração de irregularidades, no âmbito da universidade, através do acompanhamento de procedimentos correcionais. As denúncias são apuradas e os processos transcorrem de modo a assegurar o amplo direito de defesa dos acusados, assim como preservando-se as partes envolvidas, até o final do devido processo legal.

Em relação ao caso levantado pela reportagem, a UFBA informa que a estudante foi acolhida pela pró-reitora de Ações Afirmativas e Assistência Estudantil Cássia Maciel, que a ouviu, atendeu e orientou-a quanto aos procedimentos necessários. A estudante registrou queixa junto à Ouvidoria da UFBA. Seguindo os procedimentos legalmente estabelecidos para apuração, o caso será encaminhado para processo investigativo, transcorrendo conforme descrito no parágrafo anterior.

*Com informações do G1 Bahia.