Aládio Marques: intervenção de moda e arte na Casa Cor Bahia

Genilson Coutinho,
14/10/2013 | 15h10


Uma revoada promete invadir o espaço Armarinhos Teixeira na Casa Cor Bahia 2013. Fazendo alusão aos movimentos criados pelos pássaros enquanto voam, seis modelos vestidas pelo estilista Aládio Marques chegarão sem avisar e circularão pelo ambiente, num desfile conceitual da coleção Verão 2014 do designer baiano, batizada de “Efloresense” e apresentada em abril no Dragão Fashion Brasil (Fortaleza), considerado a maior semana de moda do Nordeste. O convite para a ação fashion veio do artista visual paulistano Ricardo Teixeira, que deu à galeria o mesmo nome pelo qual é conhecido no universo das artes e cujo trabalho reúne diversos estudos urbanos para criar uma verdadeira arqueologia urbana, mediando o transbordamento do homem para a cidade. A proposta da parceria é despertar os sentidos dos visitantes da mostra de arquitetura e decoração, numa provocação que tem como suporte as obras e instalações audiovisuais de Armarinhos, unidas à moda contemporânea e sofisticada de Aládio. A performance, que guarda outras surpresas, acontece no dia 17 de outubro, às 20h, e promete confundir, para, então, surpreender, todos os presentes.

Serviço

O quê: desfile conceitual e mostra de arte audiovisual.

Onde: Espaço Armarinhos teixeira da Casa Cor Bahia 2013

(Estacionamento D7 do Shopping iguatemi Salvador).

Quando: 17 de outubro, às 20h.
Espaço Armarinhos Teixeira na Casa Cor Bahia 2013

Efloresense – Verão 2014 Aládio Marques

Apresentada para a imprensa nacional e internacional durante o Dragão Fashion Brasil, em Fortaleza, coleção Verão 2014 do estilista baiano chega inspirada no ciclo de floração do Baobá, contando a história dessa árvore africana cercada de misticismo. A capacidade de florecer tão poeticamente, apenas uma noite por ano e em meio à savana, e sua milenar importância cultural para o povo africano são algumas das características únicas dessa planta nativa da ilha de Madagascar, ponto de partida para a concepção das peças da grife baiana. “Eu peguei a linha simplificada da árvore e apliquei nos 21 looks, então, embora cada um fale sobre um momento do ciclo do Baobá, todos têm esse traço como guia”, conta ele.

Sáias lápis, blusas, camisões, vestidos, camisas e calças de alfaiataria são as peças chave da coleção, que chegam com formas que partem de linhas retas e simples, numa releitura da estrutura do Baobá, aliada à referências do minimalismo e trabalhadas com recortes, transparências e sobreposições. O resultado pode ser percebido em detalhes singelos, como aplicações que surgem ora na frente ora nas costas das peças, além dos shapes que se complementam: itens estruturados balanceados por peças mais fluidas, criando ao longo de toda a coleção um equilíbrio tão natural quanto o da própria estrutura do baobá.

A cartela de cores, por sua vez, reproduz os tons que resultam de todo o ciclo da árvore: marrons e verdes, que remetem à madeira e à folhagem, assim como ao brilho que ela reflete quando está exposta ao sol; estampados em tons de bege e marrom que lembram galhos e folhas retorcidos; e nudes, brancos e caramelos retirados dos tons das raras pétalas. “Elas florescem apenas por uma noite, no mês de maio. Achei muito poético e marcante, o ponto exato para finalizar o desfile”, revela Aládio. Tudo isso é materializado pela nobreza de tecidos como Sarja Changeant, Seda (que aparece em crepes, tules e palhas) e Jacquard Soire. “São tecidos leves, mas com armação, ideais para criar as formas limpas e simples que eu vinha buscando amadurecer nesse trabalho”, diz Aládio.

Para os pés, além de sapatos exclusivos – desenhados e produzidos pelo designer junto à indústria de calçados baiana Allfoot -, uma polaina de couro foi criada baseada em um projeto dos tempos de colégio.

Sobre ALÁDIO MARQUES

Lançada em Salvador e há quase dois anos no mercado, a marca Aládio Marques vem conquistando espaço com coleções de moda masculina e feminina que primam pelo design exclusivo e pelo excelente acabamento. A grife surgiu justamente do desejo do jovem estilista – que começou a desenhar ainda aos 11 anos e agora, com apenas 24, prepara-se para concluir o curso de design de moda – de oferecer às mulheres roupas com design autoral, embasado em pesquisas históricas, mas sempre colocadas em um contexto contemporâneo. O resultado são peças conceituais, mas que transitam não apenas nas passarelas: são ideais para o dia a dia de quem quer se vestir com personalidade e tem a alta qualidade de tecidos e cortes como exigência. Em paralelo, exercitando sua veia mais comercial, sem deixar de lado o “quê” de exclusividade de sua peças, criou a AL. Aládio Marques para desenvolver uma linha de camisaria masculina cool, com modelagem própria e estamparia diferenciada, voltada para padronagens lúdicas e irreverentes. Os tecidos são garimpados pessoalmente pelo estilista, que adapta as tendências fashion ao mais tradicional item do guarda-roupa masculino – que acabou por conquistar também as mulheres, grandes consumidoras das camisas AL. Aládio Marques.
Com produção em pequena escala, a linha feminina da Aládio Marques conta com atendimento com hora marcada e pode oferecer também peças personalizadas, de acordo com o desejo da cliente, garantindo criações super exclusivas. Já linha de camisas masculinas está disponível na loja Costa Leste do Salvador Norte shopping, na capital baiana, e na Illuminatti Acessórios (Rua Domingos Barbosa de Araujo, 06, loja 03), em Feira de Santana, além de poder ser encomendadas diretamente ao estilista, que envia suas peças para a Bahia e para outros estados.

Histórico
A primeira coleção feminina da Aládio Marques foi desfilada em Salvador em uma das etapas do Concurso Novos Talentos 2012, realizado pelo Shopping Barra e que já impulsionou marcas como Vitorino Campos e Luciana Galeão. Com o objetivo de revelar novos nomes do estilismo baiano, o evento consagrou Glaciar, de Aládio Marques, como grande vencedora da edição. Nas peças para o Inverno 2012, inspiradas num ciclo de degelo ocorrido hà 12 mil anos, formas geométricas foram retiradas das modificações ocorridas com o relevo da terra após a era glacial e transportadas para as roupas, que ganharam cortes retos e estruturados e aplicações de tecido em referências às marcas deixadas na superfície terrestre. Os vestidos simples, de corte limpo, ganharam bossa a partir das inserções precisas das inspirações do estilista, além de contar com a nobreza de materiais como organza e musseline. Como parte da premiação, Aládio foi convidado a apresentar suas criações na edição 2013 do Dragão Fashion, a mais importante semana de moda do Nordeste.

No mesmo ano, o estilista criou o figurino de Daniela Mercury para o desfile na escola de samba carioca Portela, que naquele ano homenageava a Bahia e teria a cantora como destaque em um de seus carros alegóricos. O lifestyle carioca da década de 1960 serviu como base para o look, que ganhou projeção nacional e trazia ainda referências às formas curvilíneas do calçadão de Ipanema.

Para sua segunda coleção, desfilada em destaque durante a edição posterior do Concurso Novos Talentos, Aládio Marques buscou entender a cultura dos antigos egípcios, a partir dos rituais de mumificação dos animais considerados sagrados. Novamente, as formas inspiraram o estilista: as bandagens de linho formavam desenhos geométricos que lembravam linhas, diamantes e xadrezes – formas que foram utilizadas em detalhes como golas e punhos, nas padronagens criadas com a combinação de diferentes tecidos e em recortes vazados nas peças. Criada para o Verão 2013, a coleção Envoltos reúne blusas, camisas, calças, saias e vestidos de crepe de seda com aplicações de organza e musseline e traz uma cartela de cores que se refere às variações dos tons de nude das areias do deserto e dos tons de rosa do crepúsculo egípcio, em contraste com as cores cítricas de repteis que habitam o deserto do Saara.

Na sequência, foi a vez de preparer para o Dragão Fashion, a mais importante semana de moda do Nordeste, que acontece há 15 anos em Fortaleza, 21 looks inéditos para temporada de Primavera/Verão 2014. O ponto de partida para a concepção das peças foi o desabrochar do Baobá, árvore africana cercada de misticismo e poesia, além de referências da biomimética, da botânica e da geometria. Blusas, camisões, vestidos, camisas e calças de alfaiataria – trabalhados com recortes, transparências e sobreposições – foram o foco da coleção Efloresense, que não deixou de fora as saias lápis, vedetes da marca Aládio Marques em qualquer temporada. As formas partiram de linhas retas, numa releitura da estrutura do Baobá, com suas raízes e galhos retorcidos, aliada à referências do minimalismo, com direito a detalhes singelos, como aplicações que surgem ora na frente ora nas costas das peças, além dos shapes complementares: itens estruturados balanceados por peças mais fluidas, criando ao longo de toda a coleção um equilíbrio tão natural quanto o da própria estrutura do baobá, numa cartela de cores que também reproduz os tons de todo o ciclo da árvore, com direito a tons de marrons, verdes, nudes, brancos e caramelos.

Designer da indústria de calçados baiana Allfoot, Aládio criou para Efloresense os primeiros sapatos assinados pela sua marca: uma sandália de couro, de tiras finas e salto altíssimo, usada na passarela junto a uma polaina do mesmo material, criada a partir de um projeto dos tempos de colégio.

Sobre Ricardo Teixeira (Armarinhos Teixeira)

Ricardo Teixeira nasceu em São Paulo e hoje, aos 39 anos, vive em Salvador. Conhecido no universo de criadores como Armarinhos Teixeira, o artista visual procura reunir, em seu trabalho, diversificados estudos das cidades, para informar e apresentar conjuntos inéditos que compõem sua arqueologia urbana. Ele se dedica ainda a mediar o transbordamento do homem para a cidade, numa retrospectiva de um Brasil afrodisíaco, que se espalha como uma miragem contemporânea em suas peças, compostas em suportes como escultura, objeto, instalação, pintura, desenho, ocupação, fotografia e video arte.