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Advogada trans será presidente de comissão da OAB

Genilson Coutinho,
14/06/2021 | 22h06
Advogada Amanda Baliza, em Goiânia — Foto: Arquivo Pessoal/Amanda Baliza

A goiana Amanda Souto Baliza, de 30 anos, é a primeira advogada transexual a tomar posse em uma comissão da Ordem dos Advogados do Brasil em Goiás (OAB-GO). Ela se tornou a chefe da Comissão de Diversidade Sexual e de Gênero (CDSG).

Segundo a entidade, Amanda também é a única presidente de uma comissão em seccional da OAB no Brasil. Outra advogada trans preside uma comissão em subseção na cidade de Hortolândia, interior de São Paulo.

Ela foi nomeada por meio de solenidade virtual na segunda-feira (7), em Goiânia. Amanda foi a primeira mulher trans a modificar o registro profissional na ordem, após a alteração de seu registro civil. A advogada conta o quanto é importante atuar na comissão que luta pela mesma causa em que acredita.

Há quase 10 anos a comissão articula projetos e parcerias para promover o conhecimento sobre a luta pelas causas de diversidade sexual e de gênero. Segundo um dossiê elaborado pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), divulgado em 29 de janeiro deste ano, em um cenário mundial, o Brasil é o país que mais mata pessoas transexuais, chegando a mais de 175 registros de mortes em 2020, aumento de 41% em relação a 2019.

“Esse termo não conseguia contemplar toda a população LGBT, mais excluía do que incluía. Na época, os travestis e os transexuais acabavam por ser vítimas também do preconceito, já tinham dificuldades para arranjar emprego, e começaram a ser visibilizadas na sigla GLS”, esclareceu.

Na entrada dos anos 2000 surgiu a sigla GLBT, de acordo com Almeida, houve a primeira conferência nacional realizada pela presidência da república para tratar de políticas públicas para essa população.

A partir de 2008 uma nova mudança foi considerada, pois, segundo ele, quem acabava tendo mais voz política, eram os homens gays, mas as mulheres lésbicas eram o elo mais frágil, são aquelas que sofrem ainda mais com a violência urbana.

Para Céu Leehí, de 19 anos, que estuda na Universidade Federal do Amapá (Unifap), a identidade de gênero com a qual se define é trans não binárie, ou queer, que não se identifica nem como homem e nem como mulher.https://tpc.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html

Céu explica que não se usam os artigos “a” ou “o” para se referir as pessoas desse gênero, o que é indicado é utilizar palavras neutras, como “estudante”.

“Nós não usamos ‘ele’ ou ‘ela’, ou ‘dele’ ou ‘dela’, utilizados ile ou elu como pronome pessoal e dile. Outra coisa é que substituímos as letras “a” e “o” no final da palavra por “e”, por exemplo, ‘bonite’, ou simplesmente falamos ‘essa pessoa é bonita’. A língua sempre vai mudando”, destacou.

Céu contou que passou a se identificar como pessoa não binárie pouco antes da pandemia, no início de 2020; relembrou que, devido à decisão de se assumir queer, foi expulso de casa. Para se manter, a renda vem de uma bolsa de estudo remunerada que conseguiu na universidade.

“Antes me identificava como um homem gay e já enfrentava dificuldades dentro de casa, na escola e na rua. Desde criança as pessoas já me tratavam com preconceito, um menino gay. Em 2020 eu me redescobri uma pessoa transbinária, inclusive é importante falar que nós somos transgênero”, afirmou.

Outra dificuldade relatada por Céu é conseguir um emprego de carteira assinada. O preconceito leva a comunidade LGBT para o mercado informal e autônomo.

“Nunca consegui um emprego com carteira assinada, só trabalho informal”, reforçou.