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A cada 25 horas um LGBT é assassinado no Brasil, aponta relatório

Genilson Coutinho,
26/01/2017 | 14h01

Luiz Mott é o responsável pelo relatório (Foto: Genilson Coutinho )

Em 2016, considerado o ano mais violento desde 1970 para a comunidade LGBTs, foram registradas 343 assassinatos em todo o país, o que dá uma média de uma morte a cada 25 horas. Em 2017, essa média está ainda mais alarmante: até 22 de janeiro já foram documentados 23 assassinatos, mais de um por dia.A Bahia ocupa a segunda posição entre os estados brasileiros com mais mortes de LGBTs (lésbicas, gays, bissexuais e transexuais), segundo relatório divulgado pelo Grupo Gay da Bahia (GGB).

O relatório mostra que em 2016 os homicídios de LGBTs aumentaram 26%. São Paulo foi o estado com maior número de assassinatos, 45, seguido pela Bahia, com 32. Já a taxa de homicídios mais alta foi de Alagoas, onde aconteceram 18 mortes, o que representa 5,6 mortos por cada milhão de habitantes.

Além das mortes ocorridas no Brasil, o relatório computa também o assassinato de duas brasileiras que aconteceu na Itália, uma vez que elas ‘tinham sido expulsas’ de seu país por homofobia, segundo a Agência Efe.

Perfil dos crimes – Entre as vítimas, 188 eram homens homossexuais, dois bissexuais, 19 lésbicas, 128 travestis, além de um jovem heterossexual que foi assassinado por ter sido confundido com um gay.

O jovem Itarbeli Lozano Rosa foi morto a facadas por sua mãe, Tatiana Lozano Pereira, pelo fato de ser gay. Após cometer o crime ela colocou fogo no corpo da vítima.

Luiz Mott, fundador do GGB, maior e mais antiga associação deste grupo no Brasil, atribui o aumento de assassinatos ao aumento generalizado da violência no país, à impunidade dos crimes, à falta de políticas públicas para proteger os grupos mais vulneráveis e à ‘maior visibilidade’ dos homossexuais, que a cada ano organizam mais desfiles e ‘saem mais do armário’.

Mott classifica os números como “alarmantes”. “Tais números são apenas a ponta de um iceberg de violência e sangue, pois não havendo estatísticas governamentais sobre crimes de ódio, tais números são sempre subnotificados, já que nosso banco de dados se baseia em notícias publicadas na mídia, internet e informações pessoais”, destacou, lembrando que não existe o crime de homofobia na legislação brasileira.

Em 70% dos casos publicados no relatório a polícia não identificou os assassinos, que permanecem impunes. Outro problema apontado por Mott é a chamada ‘homofobia governamental’, segundo a qual a polícia e os juízes ‘veem os gays como réus, não como vítimas’.