A cada 25 horas um LGBT é assassinado no Brasil, aponta relatório
Em 2016, considerado o ano mais violento desde 1970 para a comunidade LGBTs, foram registradas 343 assassinatos em todo o país, o que dá uma média de uma morte a cada 25 horas. Em 2017, essa média está ainda mais alarmante: até 22 de janeiro já foram documentados 23 assassinatos, mais de um por dia.A Bahia ocupa a segunda posição entre os estados brasileiros com mais mortes de LGBTs (lésbicas, gays, bissexuais e transexuais), segundo relatório divulgado pelo Grupo Gay da Bahia (GGB).
O relatório mostra que em 2016 os homicídios de LGBTs aumentaram 26%. São Paulo foi o estado com maior número de assassinatos, 45, seguido pela Bahia, com 32. Já a taxa de homicídios mais alta foi de Alagoas, onde aconteceram 18 mortes, o que representa 5,6 mortos por cada milhão de habitantes.
Além das mortes ocorridas no Brasil, o relatório computa também o assassinato de duas brasileiras que aconteceu na Itália, uma vez que elas ‘tinham sido expulsas’ de seu país por homofobia, segundo a Agência Efe.
Perfil dos crimes – Entre as vítimas, 188 eram homens homossexuais, dois bissexuais, 19 lésbicas, 128 travestis, além de um jovem heterossexual que foi assassinado por ter sido confundido com um gay.
Luiz Mott, fundador do GGB, maior e mais antiga associação deste grupo no Brasil, atribui o aumento de assassinatos ao aumento generalizado da violência no país, à impunidade dos crimes, à falta de políticas públicas para proteger os grupos mais vulneráveis e à ‘maior visibilidade’ dos homossexuais, que a cada ano organizam mais desfiles e ‘saem mais do armário’.
Mott classifica os números como “alarmantes”. “Tais números são apenas a ponta de um iceberg de violência e sangue, pois não havendo estatísticas governamentais sobre crimes de ódio, tais números são sempre subnotificados, já que nosso banco de dados se baseia em notícias publicadas na mídia, internet e informações pessoais”, destacou, lembrando que não existe o crime de homofobia na legislação brasileira.
Em 70% dos casos publicados no relatório a polícia não identificou os assassinos, que permanecem impunes. Outro problema apontado por Mott é a chamada ‘homofobia governamental’, segundo a qual a polícia e os juízes ‘veem os gays como réus, não como vítimas’.