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A cada 19 h, uma pessoa LGBT é assassinada no país, revela GGB

Genilson Coutinho,
14/04/2018 | 00h04

Foto : DAVID MCNEW / AFP

O site HOMOFOBIA MATA, do Grupo Gay da Bahia (GGB), registrou, de 1 de janeiro até 10 de abril, um total de 126 crimes violentos praticados contra LGBTs no Brasil. Os dados da violência divulgados pelo site são reveladores de que o Brasil é um país culturalmente “insalubre” para viver a Diversidade LGBT. No Brasil de hoje, não existe um clima social que instaure uma democracia sexual com foco na culturalidade que se instaura a partir do debate político em relação ao combate ao preconceito, nas centrais de decisões políticas. 52% dos homicídios contra LGBT do mundo ocorrem no Brasil, campeão mundial desse genocídio.

Os dados da violência até 10 de abril revelam que a cada 19h um LGBT é assassinado ou se suicida em nosso país. De acordo com o GGB, esses dados têm cara, nome e sobrenome. São 47 gays, 26 lésbicas, 3 bissexuais, 31 travestis, 17 mulheres trans, 1 homem trans, 2 bissexuais, todos vítimas do ódio que é a homofobia, que mata indistintamente, como é o caso do registro de dois heterossexuais assassinados, apenas por serem confundidos com homossexual.  “É absurdo que tio, pai, irmão não possam mais demonstrar afeto entre si, sem serem massacrados, como se fossem gays”, alerta Marcelo Cerqueira, presidente do Grupo Gay da Bahia, em  tempo que destaca que um comportamento familiar natural possa desestruturar a família, por ser confundido com algo que é proibido.

Os dados do Grupo Gay da Bahia (GGB) são reveladores de que o combate à LGBTfobia não se refere apenas aos homossexuais e transexuais, mas a toda sociedade. Isso porque o movimento LGBT brasileiro não é uma movimento isolado, mas um braço de uma corrente humana composta por mulheres, sem teto, sem-terra,  pornô-stars, jovens, vadias, blogegger, trans, youtubers, movimento essencialmente marcado pela presença feminina.

Mesmo que o movimento se fortaleça por meio dessas perspectivas, o debate junto à população LGBT ainda não é equânime, talvez pela diversidade das tribos e guetos urbanos. E mesmo que se divulgue que a cada 19h um LGBT é assassinado no Brasil, isso não é motivo suficiente para sensibilizar toda a categoria, que é diferencialmente impactada pelo preconceito. O GGB acredita que, para diminuir os estigmas, preconceitos e discriminações é fundamental e urgente que cada LGBT se reconheça enquanto tal, e mais ainda, reconheça que a proteção de cada um está na organização de todos. Em termos práticos, trata-se da relação com a vizinhança e a comunidade LGBT local, inclusive desenvolver  relacionamento amistoso e solidário com a vizinhança e  condôminos.

Soluções existem para erradicar tamanha mortandade: educação sexual nas escolas de todos os níveis; legislação punindo a homotransfobia com o mesmo rigor do crime racial; políticas públicas que garantam a segurança nos locais mais freqüentados pelos LGBT, além de campanhas educativas de empoderamento do segmento.