Por que temos medo do teste de HIV?

Genilson Coutinho,
26/03/2014 | 09h03

O que muita gente teme não passa de mito. Tire uma série de bobagens da cabeça e descubra por que, como em toda doença, o diagnóstico precoce faz diferença para viver bem – e feliz. Confira as histórias a seguir e tire suas dúvidas de uma vez por todas.
Há 18 anos, Heliana Moura, hoje com 44, descobriu ser portadora do HIV. Decidiu fazer o teste por causa de um boato: uma antiga namorada de seu ex-namorado (haviam terminado fazia quatro meses) descobriu que tinha o vírus e a notícia de que ele teria sido o transmissor chegou a ela.

A história de Heliana é parecida com a de um número cada vez maior de mulheres: em 2011, foram 8 147 novos casos notificados dessa infecção no Brasil, só na população feminina. De acordo com o Boletim Epidemiológico da AIDS, divulgado em 2013 pelo Ministério da Saúde, apesar de a incidência ainda ser maior nos homens, essa diferença diminui ao longo dos anos. A proporção, agora, é de 1,7 homem infectado para cada mulher portadora do HIV. E esqueça aquele retrato do início da epidemia, quando a AIDS era bem mais associada ao homossexualismo. O boletim aponta que, entre as mulheres infectadas em 2012, 87,9% contraíram o vírus em relações heterossexuais.

Atualmente, cerca de 1 milhão de pessoas vivem com HIV no Brasil. Dessas, umas 250 mil — ou seja, uma em cada quatro — , desconhecem sua sorologia. Isso dificulta o controle da epidemia e aumenta as mortes por causa da AIDS. “Fazer o teste é o método mais efetivo para controlar a doença: diminui a mortalidade de quem tem o vírus e reduz o risco da transmissão”, afirma Alexandre Grangeiro, sociólogo que atua na área da prevenção na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

O problema é que, entre nós, a quantidade de testes realizados é incrivelmente baixa. Em 2009, foram 7,4 milhões. Parece muito? Pois saiba que isso significa que só 40% da população sexualmente ativa foi testada. “As pessoas têm receio de um resultado positivo”, opina Grangeiro. O que é preciso esclarecer com urgência é que desde o surgimento da AIDS nos anos 1980, muitos medos se tornaram simples mitos. Veja algumas novas respostas para velhas questões.
Da Mdemulher especial para o projeto Atitudeabril