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2º ‘Festival Panteras Negras Convida’ visibiliza e fortalece produções negras e LGBTQIA+

Redação,
17/02/2021 | 18h02
(Foto: Divulgação)

Primeira banda instrumental negra LGBTQI+ do mundo, Panteras Negras (@bandapanterasnegras) promove on-line a 2ª edição do Festival Panteras Negras Convida e traz a dupla perfo-política-musical As Mambas e as musicistas Daniela Nátali, Gabriela Wara Rêgo e Karen Silva, nos dias 13 e 14 de março. Os shows serão transmitidos pelo YouTube através do canal EstaçãoZinha e tem como meta tornar visível a presença das mulheres negras e pessoas trans LGBTQI+ na música como instrumentistas, compositoras e produtoras.

Anfitriã do festival, com origem nas periferias de Salvador, a banda reúne os bairros Cajazeiras, Piripiri, Pirajá e Engenho Velho de Brotas na essência e no trabalho de Ziati Franco (baixo), Dedê Fatuma (percussão), Line Santana (bateria) e Suyá Synergy (guitarra). O grupo que se compreende como autodidata busca amplificar a pluralidade rítmica, melódica e poética de mulheres negras e LGBTQI+ a partir da cidade de origem.

“A banda carrega pautas pensadas especialmente no público negro LGBTQIA+ da periferia porque traz vivências históricas em suas trajetórias. Acreditamos que através dessas vivências conseguimos acessar o nosso público com a mesma linguagem, musical, corporal e textual”, destaca Ziati Franco, homem trans negro, contrabaixista, produtor e compositor, integrante da Panteras Negras e fundador da produtora independente EstaçãoZinha (@estacaozinha).

O festival nasce em 2018 para agregar corpos negres artísticos musicais que sempre atuavam no cenário baiano de forma paralela, criando suas trajetórias individualmente. “Panteras Negras Convida surge para acolher essa musicalidade e gerar potência coletiva em um circuito musical gerido fortemente pela hegemonia masculina cis-heternormativa, que é o circuito de música instrumental”, afirma Ziati Franco.

O festival inicia com bate-papo musical com a dupla As Mambas, que se apresentará dia 13 de março, às 21h, e promete um show com política e educação através das canções da dupla Sued Hosaná e Felipe Salutari. Com composições que cruzam gênero, raça, sexualidade, ancestralidade e musicalidade negra em suas linhas, a dupla é a primeira formada por uma travesti e uma gay.

No dia seguinte, 14 de março, às 21h, Panteras Negras recebe para um bate-papo musical e uma live show Daniela Nátali (clarinetista), Gabriela Wara Rêgo (oboísta) e Karen Silva (violinista), musicistas que já passaram pelo Neojiba e revelam a potência da música instrumental negra baiana no encontro entre o erudito e o popular.

A 2ª edição do festival também convoca a banda Panteras Negras a realizarem quatro oficinas sobre produção musical, estratégias de interatividade nas redes sociais e percussão baiana e percussão baiana em formato vídeo aula, nos dois dias de programação para jovens negros. Com média de 10 minutos as aulas pretendem oportunizar aos corpos pretes, periféricos e dissidentes entrada à educação musical, rompendo com as estruturas do racismo, machismo e lgbtfobias que limitam a qualificação e acesso destes sujeitos à economia da cultura.

O festival conta com libras em toda a sua programação para ampliar o acesso à comunidade surda e pretende ser um marco para a história contemporânea das mulheres e juventudes negras e LGBTQI+ de Salvador. O projeto é contemplado pelo Prêmio Anselmo Serrat de Linguagens Artísticas, da Fundação Gregório de Mattos, Prefeitura de Salvador, por meio da Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc, com recursos oriundos da Secretaria Especial da Cultura, Ministério do Turismo, Governo Federal.